Rayana é um projeto de Cuca Roseta e de Daniel Casares e tudo começou de forma acidental. Quis o destino, por vezes perspicaz nas suas voltas, que Cuca Roseta e Daniel Casares coincidissem no cartaz de um mesmo festival. E sem que o soubessem ainda, assistiram ao concerto um do outro, ficando de tal formas encantados que levaram dessa noite a vontade de trabalharem juntos. Mas não o confessaram de imediato. Só que duas semanas depois da fadista se questionar como poderia chamar Casares para junto de si, quando nenhum dos seus projectos da altura fazia sentido como atalho para uma colaboração, foi Casares quem deu o primeiro passo, enviando uma mensagem que contava o quanto tinha ficado enamorado pela sua voz e partilhava o seu interesse em poderem trabalhar em algo de raiz. A partir daí, foi simples: Cuca Roseta trouxe o fado, Daniel Casares chegou com o flamenco, escolheram alguns temas dos cancioneiros dos dois lados da fronteira e tocaram juntos – oferecendo a história do género a que se dedicam, a sua história pessoal na relação com essa tradição e a história improvisada e intuitiva de como encaixam no universo do outro. Rayana é a prova do quanto as fronteiras não passam de linhas imaginárias que se transpõem sem qualquer limitação. E do quanto o que realmente interessa ao visitar e encetar um diálogo com outra cultura é estar aberto a ser por ela transformado. Sem recear qualquer perda de identidade. Pelo contrário, em Rayana a identidade é um belo e emocionante universo em expansão.